Autores: Ana Crhistina Vanali; Andrea Maila Voss Kominek;/Celso Fernando Claro de Oliveira (Orgs.)
O livro Para além da placa: outras histórias da negritude em Curitiba, dá sequência ao livro Os nomes da placa: a história e as histórias do monumento à Colônia Afro-brasileira de Curitiba. Ambas constituem obras extremamente inovadoras.
Inovam ao assumir posicionamento crítico e colocar em evidência histórias de pessoas e instituições que integram um grupo racial e socialmente marginalizado pela lógica racista. Lógica que insiste em naturalizar a branquidade como norma.
A partir da placa de bronze, instalada no centro de Curitiba em comemoração ao Centenário da Abolição (contendo 68 nomes da comunidade negra curitibana), iniciou-se uma pesquisa para desvendar as histórias por trás destes nomes. A pesquisa resultou em 2 livros: o primeiro, desvelou quem são as pessoas ali homenageadas, apresentando uma breve biografia de cada uma delas; o segundo traz, agora, o foco para as associações e coletivos em suas mais diversas formas de resistência negra.
Neste sentido, o presente livro, segue uma importante tradição africana: a valorização do coletivo. Ao tratar do movimento social de negras e negros no Paraná, através das histórias de suas instituições e formas de resistência, visibiliza a importância dos coletivos, dos grupos, das associações.
Os textos que compõem o livro, construídos a partir de fontes variadas – experiências pessoais, relatos de experiências, fotografias, cartazes, atas de eventos, etc., - explicitam como o ativismo e a pesquisa acadêmica podem ser complementares e em muitos casos o/a pesquisador/a e o/a ativista são a mesma pessoa. Assim, em alguns momentos o/a pesquisador/a subsidia a militância, em outros o/a militante fornece informações preciosas para o/a pesquisador/a.
O movimento social de negras e negros foi, muitas vezes, responsável pela formação de inúmeros/as intelectuais que hoje atuam em universidades públicas, em várias regiões do país.
O livro cumpre sua função de forma magistral. Resgata existências e
experiências de pessoas e de coletivos negros. Permite que essas vozes cheguem a
lugares variados, desafiando a lógica do apagamento que incide sobre a
população negra curitibana. Vozes antes abafadas, enfim podem ecoar através do
trabalho cuidadoso de diversas/os pesquisadoras e pesquisadores, brancas/os e
negras/os. De uma simples placa emergiu uma diversidade de corpos e ideias.
Emergiu histórias de ousadia e de luta. A pequena placa de bronze, tomou forma
de livro. No livro, ecoam vozes múltiplas e contra hegemônicas. Vozes que a
truculência colonialista tentou e continua tentando calar.
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