Eli Antonelli/Artigo
Nos últimos anos é cada vez mais
comum profissionais das mais diversas áreas trocarem a carreira sólida em
grandes corporações pelo passaporte da aventura de seu próprio empreendimento.
Uma série de políticas públicas
vem sendo aplicadas pelo governo para que os profissionais possam administrar
seu próprio negócio e gerir sua profissão de modo a crescer, e por muitas vezes,
gerar empregos para mais e mais pessoas. Porém, é preciso ficar atento para não
se perder no sonho de ser seu próprio chefe e ao mesmo tempo seu próprio
funcionário.

Era extremamente apaixonada pela
arquitetura. Ficava sempre muito mais que seu horário diário e aos finais de
semana, a arquitetura era o seu tema de pesquisa nas muitas horas que passava na internet.
Quando sobrava um dinheiro ela
não perdia tempo, corria para descobrir os principais eventos de arquitetura e
era este seu passatempo preferido, participar de congressos e simpósios do tema.
Nada de errado em amar sua
profissão de forma extrema. Bem, pelo contrário, muitas vezes, este é o ponto
que diferencia um grande profissional de renome a um profissional que pena para
conseguir oportunidade no mercado.
Mas, a paixão pela profissão
precisa ter doses certas de controle para não gerar a síndrome da ansiedade. E
o que ainda é pior quando o profissional
não consegue gerir sua função com eficácia.
Ana abriu o escritório assim que
se formou. Perfeito! Ela era muito talentosa e cheia de informações inovadoras
na sua área. Não demorou muito para atrair muitos clientes. Mas, a paixão de jovem
pela arquitetura era tão extrema que não
observou que um profissional que se aventura a ser seu próprio chefe, muitas
vezes, acumula funções. Sim, ela já não era só arquiteta naquele primeiro
momento. Pois não pudera contratar outros funcionários para dar o escritório.
Ana era a gerente do financeiro, a gerente do comercial, a gerente de Rh, a
assistente administrativo e por fim a arquiteta. Todas essas funções são
realizadas pelos profissionais liberais que no início de suas atividades não
dispõem de dinheiro e nem de parcerias concretas para dividir as funções.
Era Ana que ia até os clientes
apresentar as propostas para o trabalho e era ela que sentava na mesa de
reuniões para negociar os preços e prazos. E era ela também, quem controlava a
entrada de dinheiro e realizava o pagamento das despesas do escritório.
Ana era muito talentosa e desta
forma começou a atrair cada vez mais clientes com propostas incríveis de
trabalho. Porém, muitas vezes, as propostas não eram tão vantajosas em termos
financeiros. Muitos contratantes não conseguiam observar o talento que a jovem
arquiteta tinha e o que ela poderia fazer por eles.
Os contratantes olhavam para Ana
e viam uma recém formada. Profissional a qual eles não tinham obrigação nenhuma
de remunerar com valores semelhantes a outros profissionais que já estavam há
muito tempo no mercado. Injusto ou não, Ana jamais discutiu essas questões,
afinal, ela era extremamente apaixonada pela arquitetura. E não conseguia
absorver esse tipo de questão, só interessava a relevância dos projetos e seus
desafios. Principalmente os desafios.
Não demorou para ela receber
também, muitas propostas de projetos que não tinham nenhum recursos, mas que
havia muitas possibilidades de crescer junto com os contratantes. Ah, ali Ana,
a apaixonada, se realizou. Projetos que poderiam fazer crescer e acontecer, mais coisas inovadoras. Era tudo
que uma apaixonada pelo seu trabalho mais deseja. E assim foi.
Ao longo do tempo, a jovem, já
não conseguia avaliar se o projeto valia a pena ou não. Ela simplesmente
aceitava, quando mais tivesse, melhor seria. Ok, mas, a Ana, gerente do
financeiro, começou observar que os recursos que estavam entrando não eram o
suficiente para pagar as despesas mínimas do escritório, entre essas: o
aluguel. A Ana, gerente do Rh, começou a perceber também, uma necessidade
urgente de contratar mais funcionários, nem que fosse apenas um assistente
administrativo para dar desafogar atividades simples. Mas, não havia recursos
para isso.
Foi aí que a profissional liberal
começou a analisar que havia alguns erros em sua gestão individual. Faltava em
sua sequência de acumulo de funções um gerente de marketing e de comunicação,
principalmente. Ana precisava divulgar seus serviços de modo que seus possíveis
clientes compreendessem que ela existia no mercado e precisavam conhecer o que
ela poderia fazer por eles. A ação de comunicação e marketing deveria ser tão
eficiente a ponto dos contratantes entenderem que a profissional poderia dar
conta do recado independente de sua formação ter ocorrido há tão pouco tempo.
Ela não poderia prometer a eles mais do que poderia cumprir. E isso deveria ser
claro em suas divulgações. Para que os contratantes passassem a valorizar a
profissional.
Ana, percebeu que sua paixão
exagerada sempre existiu pela arquitetura, porém nas empresas pelas quais
passou a paixão era controlada pelos seus superiores. Que a impediam de dar
mais do que ela deveria e poderia. Compreendeu que precisava de limites ou seu
negócio iria em breve à falência. E pior, com compromissos não cumpridos com
os clientes.
Olhando o exemplo da jovem
arquiteta, refletimos como tantos e tantos profissionais que são apaixonados
demais por suas áreas, não conseguem passar do primeiro ano de negócio próprio.
Pois, se perdem em detalhes que precisariam de disciplina e controle. Pensando
nisso elaboramos uma sequência de conselhos que julgamos importantes para quem
deseja crescer. Viver do que ama e do que faz melhor, porém com respeito aos
seus limites.
1 – Ao abrir o seu negócio busque
trocar ideia com profissionais bem sucedidos ou não que começaram nas mesmas
condições que você. Tire deles os exemplos práticos de ações. O que deu certo ?
E o que deu errado? Para não repetir os mesmos erros e se inspirar no que deu
certo.
2- Busque participar de eventos promovidos por
organizações que impulsionam o empreendedorismo, como o próprio Sebrae. Busque
informações e conselhos de órgãos como este.
3 – Lembre-se: você é seu patrão
e seu funcionário. O certo e o errado para as duas funções tem que ser observados.
Não muita pressão e muita demanda e nem muita moleza nas ações. Controle.
Busque trabalhar em horário comercial, sempre! Final de semana se dê uma folga.
Não se acabe de trabalhar todos os finais de semana. Você precisa ter a mente
tranquila. Afinal, você também é quem deve criar e ter ideias para sua
“empresa”.
4- Invista em marketing e
comunicação. Elabore um site de qualidade, busque divulgar seus trabalhos.
Sempre focando nas metas e resultados alcançados. Sua ação de marketing e
comunicação são os verdadeiros passaportes para contratos vantajosos para seu
trabalho. Não deixe esta função de lado.
5 – Não pegue mais contratos do
que pode atender. Mesmo que seja tentador. A não ser que tenha um parceiro tão
qualificado quanto você.
Essas são apenas
algumas dicas. Mas, a principal delas é você é o domador desta paixão. Não
permita que ela lhe domine e faça com que se perca. Amar o que se faz é muito
bonito, mas para amar de verdade é preciso saber quais são os limites da
paixão. Afinal, toda paixão tem que ter seus limites senão, você já sabe. Ela
não acaba bem.
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